
Para alcançar esses resultados, Wellington vem enfrentando uma barreira desafiadora: a pouca aceitação das expressões regionais como objeto de estudo no âmbito do ensino da língua portuguesa, especialmente na educação básica. “Há muito mais trabalhos de valorização da chamada língua culta, do que propriamente das expressões coloquiais”, lamenta. Ele lembra, inclusive, que essa situação mostra-se oposta à valorização desses elementos na literatura, haja vista a presença fundamental em obras referenciais de autores brasileiros, tais como Raquel de Queiroz e Graciliano Ramos, cuja originalidade é caracterizada pelo uso de “expressões que circulam nos espaços mais modestos da sociedade”.
Segundo o pesquisador, tais barreiras são derivadas do preconceito de um dos ramos que integram os estudos da linguagem. Mas isso não anula os esforços pelo reconhecimento da importância desses objetos de estudo. “Há um grupo de pesquisadores que se dedica a isso e que luta muito para diminuir essa distância, em termos de aceitação entre o que é padrão, socialmente prestigiado, e o que não é socialmente prestigiado ainda”, explica.
Paralelamente, de acordo com o professor, no âmbito dos estudos culturais, esses elementos têm se mostrado como um dos objetos mais promissores. E é nessa linha que o trabalho se desenvolve. “Os estudos culturais partem do princípio de que estudar uma língua é também estudar uma cultura, e a cultura de um povo não é marcada só pelos seus costumes socialmente prestigiados”, argumenta Wellington.
Elinaldo Rodrigues – Campus de Crateús