Uma obra que está sendo bastante festejada no vizinho Estado do Ceará pode trazer profundos impactos ambientais negativos do lado de cá, mais especificamente no Rio Poti. É a construção da Barragem Lago de Fronteiras, no município cearense de Crateús, no valor de R$ 200 milhões. As obras já estão adiantadas e, quando concluídas, deverão acumular 488 milhões de metros cúbicos de água, que servirão para irrigar 5 mil hectares de produção agrícola dos perímetros irrigados.
As consequências para o Rio Poti são enormes e ainda não foram mensuradas oficialmente, o que motivou a deputada Flora Isabel (PT) a solicitar audiência pública perante à Comissão de Defesa do Consumidor e Meio Ambiente e Acompanhamento dos Fenômenos da Natureza, a fim de que o DNOCS do Ceará preste esclarecimentos sobre a redução da vazão das águas para o Poti. A audiência está marcada para o dia 19 de março.
Para o ambientalista Rubens Luna, os efeitos para a bacia hidrográfica do Poti serão perversos, com a possibilidade de perda da água corrente no Canion do Poty, um patrimônio natural do Piauí e um dos mais belos cartões postais do Estado, que se estende por uma área de 180 km, indo de Crateús a Castelo do Piauí. Ele alerta ainda que muito material orgânico deverá ser sedimentado no leito do rio, já que não haverá mais a correnteza natural, o que afetará as populações ribeirinhas. Os efeitos serão sentidos também em Teresina, que poderá assistir a uma redução ainda maior do leito do Poti, com acúmulo de aguapés e outros materiais orgânicos, causados pela retenção da barragem.
Outro questionamento da Audiência Pública é sobre o cumprimento do Marco Regulatório sobre as bacias do Poti e do Longá, assinado em dezembro de 2006, que não estaria sendo respeitado.
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