Cremilda foi presa suspeita de envolvimento no esquartejamento ex-companheiro(foto: via WhatsApp O POVO ) |
Dona Cremilda Ferreira da Silva, de 56 anos, entrou no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) com uma blusa do Sagrado Coração de Jesus, na última quinta-feira, 3. A senhora era acompanhada de uma policial civil e quem presenciava a cena não imaginava que ela estava ali sob força de um mandado de prisão, como a principal suspeita da morte do ex-companheiro, Mairton Maciel da Silva, 25 anos mais novo, vítima de esquartejamento em novembro de 2021.
De acordo com as investigações policiais, os dois tiveram um relacionamento de cinco anos e Cremilda não aceitava o fim da relação. A Polícia Civil identificou que a ex-namorada deixou um bilhete na motocicleta da vítima marcando um encontro. Mairton teve uma "recaída" e foi então encontrar a mulher, no entanto, teria sido sedado e foi esquartejado por dona Cremilda e um ex namorado dela, o José Airton da Silva, de 46 anos.
Vítima era zelador
Conforme o que foi apurado pela Polícia, a vida de Mairton Maciel mudou de rumo quando ele trabalhava em um condomínio e conheceu uma porteira com quem iniciou um relacionamento amoroso. Cremilda descobriu a situação e os dois colocaram um fim no namoro de cinco anos. No entanto, conforme a investigação, ela não se conformou em ser deixada e começou a perseguir o ex e a atual namorada dele. As investigações mostram que as idas de Cremilda à casa do Mairton e ao trabalho dele se intensificavam assim como as mensagens de redes sociais, que eram cheias de ódio e ameaças.
Conforme a Polícia e diante dos áudios enviados a Mairton, aos quais O POVO teve acesso, a suspeita dizia que não perdoava os dois e que havia contratado uma pessoa para matá-los. Ela dizia que o alvo seria a namorada de Mairton e que queria ver o homem vivo para que ele sofresse com a morte da amada. Em uma das mensagens, Cremilda chegava a dizer que queria "beber o sangue" da vítima.
O crime
De acordo com a Polícia, em uma das perseguições protagonizadas por Cremilda, Mairton chegou a ser lesionado no olho. Também teve o pneu da moto rasgado. Ela também exigia que os gestores do prédio demitisse a namorada dele para afastar o casal. Como não teve êxito, a mulher procurou um homem com quem se relacionou há mais de 10 anos.
José Airton da Silva, que também foi preso, respondia na Justiça pelo homicídio de 2007, que vitimou o ex-namorado de outra mulher. Ele foi condenado a 13 anos de prisão e possuía um mandado de prisão em aberto. O histórico de crime passional e o fato de ele ter trabalhado desmembrando animais chamou atenção da Polícia Civil durante as investigações. O homem disse, em depoimento, que Cremilda ofereceu R$ 1.500 para ele "dar fim" no Mairton e que a outra parte do pagamento seria a moto da vítima. Mas ele diz que não aceitou.
Na época dos depoimentos, a vítima seguia desaparecida, mas em novembro de 2021, houve um achado de parte de um cadáver, em Maracanaú. Os pedaços do corpo haviam sido deixados em sacos de ração e alguns cães puxaram os sacos para o meio de uma via, o que chamou atenção dos moradores. O fato foi comunicado à Polícia e, o 5º DP entrou em contato com o DHPP para falar sobre a suspeita em relação ao homem desaparecido.
Exame de DNA
Somente neste ano, o exame de DNA constatou que o material genético de parte do corpo que foi encontrada era de Mairton. A parte de cima do cadáver ainda não foi encontrada. A investigação aponta que o zelador se sentiu seguro em ir visitar Cremilda, mas que foi sedado e, junto de Airton, foi morto esquartejado.
A suspeita chegou a registrar um Boletim de Ocorrência (B.O) informando o desaparecimento do ex-namorado e dando outra versão, que dizia que havia homens o procurando. No entanto, a Polícia já sabia das ameaças que ela fazia e a confrontou com os áudios em que ela o ameaçava de morte. De acordo com o depoimento, Cremilda disse que pretendia matar o ex, mas que desistiu. Conforme a Polícia, parte dos áudios das ameaças ficou com a família da vítima, pois ele havia salvo em outro celular, o que ajudou os policiais a identificarem os indícios de autoria.
Nas mensagens de áudio enviadas a Mairton, a fala mansa e doce da mulher dizia que o rapaz iria "escrever o que ela disse" e que ele ia perceber o quando ela era "ruim". A prisão preventiva dela e do suspeito foi necessária para que os dois não interferissem nas investigações. Ambos têm o histórico de ameaças e as pessoas evitam colaborar com a Polícia por medo do casal. Após a conclusão do inquérito, ela pode ser indiciada pelo homicídio qualificado, ocultação de cadáver e também pela perseguição.
Toda a investigação foi realizada em uma força-tarefa do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), 5º Distrito Policial e Delegacia Metropolitana de Maracanaú.
Com informações do repórter Gabriel Borges/O Povo
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