Número de mulheres na bolsa cresce 40%, mas gravatas ainda dominam

 O aumento do número de mulheres investidoras no Brasil é um fato a se comemorar: são mais de 1 milhão de mulheres na bolsa, segundo levantamentos divulgados pela B3. Se compararmos com os dados de 2020, quando a pandemia da Covid-19 começou, a entrada das mulheres nos investimentos de renda variável cresceu incríveis 40%.


Apesar do avanço - que deve, sim, ser celebrado - é preciso ir além dos números. A quantidade de mulheres pertencentes ao mundo da Avenida Faria Lima ainda é tímida. O mercado financeiro ainda é majoritariamente composto por homens. De gestores de fundos a investidores pessoa física, o que se percebe é uma dominação das gravatas.

Mas o movimento atual é de mudanças, sobretudo no aumento de mulheres que falam sobre economia e educação financeira nas principais redes sociais do país. O estímulo e conhecimento divulgado por essas especialistas em seus canais e perfis pode ser um dos motivos pelo quais somamos cerca de 1,2 milhão de mulheres na bolsa.

Do Me Poupe, da Nathalia Arcuri ao Economirna, homônimo de sua fundadora, as mulheres avançam! Já para quem busca especialização em livros, nesse caso sugiro como dica de leitura o Descomplicando Investimentos, do Fernando Tempel e O Investidor Inteligente, de Benjamim Graham.

Desde 2017, quando a Bolsa de Valores virou B3, foram gastos quase 5 anos para que mais 1 milhão de mulheres estivessem com seus investimentos sob custódia na renda variável. Hoje somos cerca de 1/4 do universo do mercado de capitais, mas a boa notícia é: não vamos parar! As mulheres entraram para os investimentos para ficar e investir cada vez melhor.

Ao todo, 5 milhões de pessoas físicas investem na bolsa, o que não chega a 3% da população brasileira, um universo de oportunidades para multiplicar patrimônio, adquirir independência financeira ou até mesmo usar as próprias ações como uma espécie de previdência. Independente do seu objetivo e do risco que está disposta a correr, investir na bolsa é uma ótima opção para o seu futuro.

O mundo dos investimentos, quando pensamos nas inferências sobre a mulher e o dinheiro é rodeado de alguns mitos e estereótipos que nunca nos couberam e agora, ainda mais, não cabe às mulheres que se preocupam sim com as finanças e a prosperidade financeira.

O momento para investir é agora, e mesmo que você possa se sentir antiquada para começar, ou até mesmo com dificuldades para entender melhor como poupar e aportar na bolsa, entenda: sempre há tempo para começar. O início, provavelmente, vai ser o momento mais desafiador para entender as movimentações do mercado e como elas afetam sua carteira. Mas, como qualquer aprendizado, com o tempo o que parece ser um bicho de sete cabeças vai se tornar algo natural no seu dia a dia e você terá cada vez mais confiança para investir.

Você pode começar com pouco: não é preciso juntar um grande montante para entrar na bolsa. Você pode fazer aportes mensais e ir construindo sua carteira aos poucos. Antes de começar a investir o primeiro passo é entender qual é a sua capacidade de poupar, o ideal seria algo em torno 30% da renda mensal, o que nem sempre é possível de início, por isso, não limite sua entrada na bolsa para somente quando esse valor puder ser investido.

E lembre-se: sempre diversifique os investimentos. Assim a carteira fica menos volátil e mais balanceada a longo prazo. Além dos tradicionais "papéis", invista em fundos imobiliários, BDRs e afins. Também pensando na diversificação dos ativos, você pode colocar uma parte dos seus ganhos fora da bolsa, como no mercado de criptomoedas.

De modo geral, as mulheres tendem a ser mais conservadoras nos investimentos. Por isso, o ideal é que o foco ao investir, em princípio, seja a construção da reserva de emergência que equivalem de 6 a 12 meses dos seus custos mensais, ou seja, construir uma carteira com liquidez para que caso aconteça um imprevisto, como a perda de um emprego, os investimentos sejam usados durante esse período.

Após a construção dessa reserva, já podemos pensar em uma carteira de médio e longo prazo, buscando maiores retornos: aqui, você pode focar na realização de metas e objetivos como a compra de um carro ou imóvel. Já na carteira de longo prazo, você pode planejar sua aposentadoria. É importante fazer um estudo para entender quanto de capital acumulado você deveria ter para manter uma renda mensal que garanta o mesmo padrão de vida antes da aposentadoria.

Existe um oceano azul de oportunidades no tema de investimentos a serem exploradas; algo muito além da poupança, CDB e LCI (produtos usualmente mais comercializados quando se fala de investimentos no Brasil), porém é necessário aprofundar para tomar as decisões corretas mais condizentes com cada perfil.
De Emília de Castro, administradora e gestora financeira no mercado de capitais; sócia-fundadora da Aspen Investimentos

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