Nos últimos dias as mães de crianças atípicas de Santa Quitéria têm usado as redes sociais e grupos de whatsapp para denunciar a falta de transporte da Prefeitura de Santa Quitéria. De acordo com as mães, o transporte que antes era oferecido tem ficado cada vez mais escasso, prejudicando o tratamento das crianças.
Residente de Malhada Grande, distrito de Santa Quitéria, Michele conversou com a nossa equipe de reportagem, explicando um pouco do que vem acontecendo. "Meu filho faz terapia de 15 em 15 dias na sede, com terapeuta ocupacional, e semanalmente com a psicopedagoga. Já está com dois anos que a psicopedagoga atende meu filho e o transporte era sempre cedido pela Prefeitura, mas nas últimas semanas o setor sempre fala que tá sem carro. Já perdi três consultas dele por conta de falta de carro na Prefeitura de Santa Quitéria e é um direito por lei que ele tem de receber um carro de vir buscar e vir deixar ele", ressaltou.
Em prints compartilhados pelas mães, uma das justificativas do setor para Michele seria a falta de carros. Na mensagem enviada pelo perfil identificado como "Setor de Transportes Marcação", o atendente escreve: "Devido a alta demanda de viagens amanhã para Sobral e Fortaleza, não vai ter como mandar carro para pegar as crianças amanhã. Estamos com uma demanda de 22 carros para viajar para Sobral e Fortaleza, e infelizmente não tem como pegar as crianças. Não ficou nenhum carro e motorista disponível".
Michele é uma das diversas mães que têm usado as redes sociais para falar sobre o caso e o questionamento é sempre o mesmo: antes tinha carro, mas mais ou menos de três semanas para cá, o serviço piorou a ponto de quase nunca ter carros disponíveis, sendo que, em alguns casos, apesar do automóvel ser enviado, não é adequado para o transporte em questão, como foi o caso que aconteceu com a mãe do Joaquim, Edna. Joaquim é cadeirante e esperava há um ano na fila para ser atendido por um ortopedista pediátrico, mas o carro não comportava uma cadeira de rodas e ela teve que levar o menino, já com seis anos de idade, no colo, pois não poderia perder a consulta.
Edna expressou sua indignação por meio de sua rede social: "Mais uma vez a cadeira de rodas do Joaquim não coube no carro, mas eu vim pra viagem, porque eu honro com os compromissos do meu filho. Ele estava há mais de um ano esperando a vaga e eu não iria perder. Joaquim usa cadeira de rodas para se locomover, então a cadeira precisa ir com ele para onde ele tem que ir. Ele já tem seis anos, grande e pesado para andar no braço. Eu relevo muitas coisas, mas é um erro que está se repetindo", desabafou.
A equipe do Portal Sertões tentou contato com o setor de transportes da Prefeitura de Santa Quitéria, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.