Derivada do Tenentismo, que tinha como pauta a reforma no sistema político do país, a Marcha da Coluna Prestes é considerada a maior marcha política do mundo. De fato, durou 2 anos e 3 meses, durante os quais mais de 25.000 km foram percorridos por cerca de 1.500 homens. Em 1926, o grupo entrou no Ceará, percorrendo várias cidades, inclusive Crateús.
Aos 14 de janeiro de 1926, apareceu misteriosamente nas ruas de Crateús um mendigo desconhecido. A todos, chamava atenção. Ninguém imaginava, mas o tal mendigo era Capitão Pretinho que, a mando do grupo dos revoltosos, foi a Crateús para ver o movimento.
Pretinho também não sabia, mas logo seria descoberto. Ao pedir água numa casa na Rua Pe. Macedo, a dona da casa, desconfiada de seus “bons modos”, logo convocou a polícia, que rendeu o falso mendigo. O delegado da cidade, Peregrino, fez com que o homem contasse o plano que o conduzia ali. Ele contou e foi libertado, retornando ao seu bando.
Sabendo da informação, o delegado logo comunicou à força de segurança pública, a fim de mandar reforço para a esperada invasão da cidade. Dito e feito: 500 soldados esperavam de tocaia a entrada do grupo na cidade.
E a entrada ocorreu. Era noite quando o grupo chegou à Fazenda Pastos Bons. De madrugada, iniciou-se a batalha com as forças públicas.
No dia 15, a cidade amanheceu com os sons de uma saraivada de balas na Praça da Estação. Dessa intensa disputa entre as forças públicas e o bando, tombaram sem vida dois revoltosos: Cabo Cabeleira e Tenente Tarquínio, cujos corpos foram enterrados no Cemitério dos Revoltosos, próximo ao bairro Ponte Preta.
Crateús é a única cidade do estado em que ocorreu uma resistência armada ao grupo, resultando na morte de dois componentes.
Hoje, o cemitério possui túmulos recentes, pois há uma crença na possível santidade dos homens. Sem estrutura, o local é de difícil acesso, fruto do descaso do poder público com a história e a cultura do seu próprio povo.
Projetado por Oscar Niemeyer, na Praça da Estação há o monumento da Coluna Prestes, lembrando os pontos por onde passou a marcha.
Texto escrito por: Kaio Martins, Cientista Político.