Fausto Araújo Chaves protagonizou, ao longo de sua vida, uma das maiores histórias de superação registradas. De origem humilde, desde cedo, ajudou nos afazeres de casa e na lida do trabalho no campo. Quando contava com sete anos de idade, contudo, um terrível acidente mudaria o curso de sua inocente vida.
Num dia de trabalho, como outro qualquer, Fausto, por motivos desconhecidos, tem a sua cabeça capturada pelas moendas de um engenho, onde o maquinário amassou parte considerável de sua estrutura craniana. Com tamanha pressão aplicada na estrutura, um de seus olhos foi estourado, o que deixou Fausto completamente cego. Quem de perto acompanhou o caso, dizia que dificilmente a criança resistiria a tamanho dano. Se resistisse, teria sequelas terríveis. Realmente, não foram poucas as sequelas naquele garoto. Uma delas foi a já citada cegueira, de modo que o garoto nada via a sua frente.
Tendo diversos motivos para desistir da vida, contudo, perseverou. Imediatamente, perceberam as pessoas que dele estavam próximas que o garoto, curiosamente, como um “gravador”, apreendia tudo o que recebia pela audição e demais sentidos, isto é, decorava tudo o que ouvia e bastava que ouvisse uma única vez.
Para se ter uma ideia da prodigiosa capacidade do rapaz, quando Crateús ainda não contava com tantos habitantes, mais de mil eram as datas de aniversários que Fausto guardava na memória. Para reconhecer alguém, bastava ouvir sua voz, de modo que era ele conhecedor e conhecido de toda a cidade. Fausto Araújo sabia de todos os acontecimentos passados do município, do país e do mundo, tamanha era a sua lembrança.
Com “faustosa” memória, Fausto diariamente se dirigia aos aniversariantes da data, a fim de dar-lhes parabéns pela passagem do natalício, ganhando, com isso, gorjetas, com as quais se mantinha.
O prodigioso Fausto faleceu em 19 de abril de 1978, aguçando a memória dos que dele tiveram conhecimento. Assim, ele é, sem dúvidas, alguém que merece, para sempre, ser lembrado.
FOTO: REVISTA DO CINQUENTENÁRIO DE CRATEÚS (1911 – 1961)
Texto escrito por: Kaio Martins, Cientista Político.