Muitas mulheres ajudaram a construir a história do nosso município, sobretudo pela garra e pela dedicação. Dessas, uma das figuras mais icônicas é a que apresentaremos agora.
Nascida em 1888, Isabel Venâncio trabalhou por 50 anos no Mercado Manoel Cardoso. Mulher de sorriso largo e gargalhada marcante, a comerciante se destacava por ter o melhor café da cidade. Era pessoa da mais alta simpatia, apesar de agir, sempre que necessário fosse, com a devida rigidez.
Para caracterizar o espírito materno da comerciante, basta apresentar o dia em que, vendo dois enxeridos assediar sua filha, Isabel logo agiu, a fim de defendê-la. A mulher catou os canalhas pelas golas das camisas – de uma só vez, jogando ambos ao solo e neles pisoteando. Dizem os que assistiram à cena que a mulher só não abreviou a vida dos elementos pelo fato de que pessoas próximas se meteram na confusão e tomaram os infelizes das garras da valente mãe. Era Isabel, portanto, a mãe protetora e que não pensava duas vezes quando o assunto era agir como mãe.
Outra característica de Isabel foi amplamente divulgada na época. Num tempo em que corpos avantajados não eram comuns, Isabel, apesar de mil outras características e qualidades, entrou para os escritos como a mulher de mais avantajado corpo da região. Dizem que pesava cerca de 140 kg. Não ligava, contudo, para as impressões que dela tiravam. Ao contrário, tinha boa relação e era querida e respeitada por todos.
Por ser considerada uma figura marcante, teve sua fotografia capturada pelo jornalista e sociólogo Nery Camello, que, em 1938, publicou no livro: “Reportagens dos Sertões Nordestinos”, sendo a ilustre crateuense citada como a pessoa de mais rico porte físico do interior do Ceará.
Isabel Venâncio faleceu aos 83 anos em 27 de março de 1971, passando para a memória do povo como um exemplo de vida, de força e de garra.
A história da mulher, mãe e comerciante, mostra que a prosperidade de Crateús foi influenciada amplamente pela força feminina, tendo Isabel Venâncio como uma de suas expressões mais marcantes.
FOTO: REVISTA DO CINQUENTENÁRIO (1911 – 1961).
Texto escrito por: Kaio Martins, Cientista Político.
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