Crateús já vivenciou grandes estiagens, um dos fenômenos mais desafiantes para qualquer sociedade. Das autoridades, eram cobradas ações para mitigar o problema de falta d’água. A solução veio da nossa vizinha Novo Oriente.
No ano de 2013, as previsões pluviométricas não eram boas. Estudos apontavam para uma queda de até 50% no volume das chuvas em comparação com a média histórica. Várias regiões sofriam com a escassez d’água, mas em Crateús o caso era mais grave. Os reservatórios estavam vazios e as pessoas precisavam comprar água em caminhões-pipa, já que havia racionamento na distribuição.
Diante do problema, um estudo apontou que a única solução rápida seria a transposição de parte das águas do Açude Flor do Campo para o Carnaubal, por meio do leito do Rio Poti. Contudo, problemas como a perda por evaporação precisariam ser enfrentados.
A Cogerh indicava que 35% da água seriam perdidos nesse processo. Por outro lado, pesquisas do Comitê Organizador das Águas do Açude Flor do Campo mostravam que até 70% do total se evaporaria, tornando a situação do reservatório mais crítica. Com capacidade total de 11 milhões de m³, o açude contava com cerca de 15% de sua capacidade, ou seja, 1,6 milhão de m³. E era desse total que a Cogerh previa retirar 700 mil m³ para abastecer Crateús.
Face à polêmica, uma manifestação foi realizada em Novo Oriente, defendendo que a transposição fosse feita por meio de adutora, diminuindo a perda no transporte da água. Autoridades e civis participaram da manifestação e ameaçaram acampar próximos ao açude.
Às 4h30min da segunda-feira, dia 29 de julho de 2013, um esquema de policiamento foi montado próximo às comportas do Açude Flor do Campo. Minutos depois, as barreiras foram abertas e as águas do reservatório começaram a fluir em direção ao Carnaubal. A previsão era que a água chegasse a Crateús em 20 dias.
A partir dali, os crateuenses se tornaram muito gratos aos irmãos novorientenses. O reservatório de lá ajudou a matar a sede da nossa população.
Foto: O Sertanejo Online.
Texto por: Kaio Martins, Cientista Político.