O sacrário é importante para a religião católica, sobretudo porque é o lugar em que se depositam as hóstias, que depois de consagradas tornar-se-ão o corpo de Jesus Cristo. Assim, um caso lamentável marcaria o ano de 1954, sendo ricamente detalhado na obra *História da Paróquia de Crateús*, de Pe. Bonfim.
O padre relata que eram 26 de outubro de 1954 quando o sacristão Grenvile percebeu, ao entrar na igreja, que estava semiaberto o sacrário. De imediato, cuidou de avisar ao vigário sobre o ocorrido. Viram, contudo, que não havia hóstia espalhada.
Aos 29 de outubro, Pe. Bonfim é chamado a Sobral para prestar declarações. A Diocese, então, enviou dois monsenhores ao local, a fim de que pudessem averiguar o que de fato ocorrera.
Depois da análise preliminar, descartou-se a possibilidade de que a intenção fosse a de cometer sacrilégio. Calculou-se que seria um furto o animus inicial do criminoso.
Acionada a polícia, dois peritos foram mandados ao local. Analisando as características criminológicas, perceberam que uma das portas da igreja fora arrombada com objeto contundente, já que muito sólida era. Também noticiaram que, apesar de violado o sacrário, os materiais sagrados que lá estavam não foram mexidos.
Feitas as devidas análises e remetidas ao Senhor Bispo, Dom José Tupinambá, os crateuenses aguardavam ansiosamente por uma decisão, que veio em seguida, mas desfavorável à cidade.
O bispo desmarcou a vinda do padre cooperador - que tinha a função de auxiliar o vigário em suas atividades - e das freiras. Recomendou, ainda, que reforçasse a segurança do sacrário, o que foi feito por Pe. Bonfim, ao mandar confeccionar um de ferro e colocá-lo dentro de um grande cofre.
Dom José, atestando que a cidade cometera um sacrilégio, ordenou ainda que se realizasse um tríduo de desagravo para toda a diocese. O tríduo é a realização de eventos religiosos por três dias consecutivos, em que se lamenta uma prática cometida. Nesse caso, a violação do sacrário.
Assim, vê-se que, há 70 anos, um dos casos mais memoráveis da história crateuense era consumado, deixando toda a população apreensiva.
Foto: Pe. Bonfim averiguando a violação, 1954.
Por: Kaio Martins, Cientista Político.