“Uma grande fazenda de gado”. Foi essa a resposta que o Coronel Francisco Mariano deu ao professor Luiz Bezerra, quando perguntado sobre as origens de Crateús. O nome da fazenda era “Piranhas”, em relação à grande quantidade desse peixe no Rio Poti. A sede da fazenda estava localizada próximo à Praça da Matriz.
O Coronel Mariano afirmou ainda que o início da cidade foi marcado por um litígio entre duas pessoas que possuíam terras limítrofes. A disputa era por um pedaço de terra no local onde hoje está instalada a Igreja Matriz. De um lado: Antônio Soares Brandão. Do outro: Luíza Coelho da Rocha Passos.
Certo dia, passou por aqui um frade missionário. O religioso logo foi chamado a mediar o conflito. O mediador pediu o terreno que estava em questão, a fim de solucionar a contenda. O intuito era o de que fosse construída a capela de Senhor do Bonfim, que marcaria o bom fim da briga entre os proprietários. Os lados aceitaram.
Construída a capela, Luíza Passos solicitou que da Bahia enviassem uma imagem de Senhor do Bonfim, tendo sido trazida dentro de uma rede por escravizados daquela senhora. A mesma imagem, ainda hoje, encontra-se na Matriz da cidade.
Pode-se então afirmar que, apesar de um litígio marcar o seu início, foi o acordo e o consenso que garantiram o nascimento de Crateús.
Sobre o entrevistado: Francisco Mariano nasceu em Independência aos 15 de janeiro de 1869, contando com 92 anos na época da entrevista. Disse ter vindo para Crateús em 1877, por conta da Grande Seca. Crateús e Independência, na época, ainda integravam o Piauí.
Quando chegou a Crateús, era uma vila bem minúscula, composta somente de poucas casas ao redor da igreja matriz e no Bairro da Cruz, hoje Rua Frei Vidal. Com tantas riquezas de detalhes, deve esse testemunho ficar marcado na memória do crateuense.
Foto: Luiz Bezerra entrevistando Francisco Mariano, Revista do Cinquentenário.
Texto escrito por: Kaio Martins, Cientista Político.