Na obra "Meus avós", o memorialista Raimundo Raul Correia Lima tenta reunir, de maneira cronológica, os fatos mais marcantes de Crateús. A ideia de guardar os acontecimentos pelas datas era comum, vide a obra "Datas e Fatos para a História do Ceará", em que, como um dicionário, Barão de Studart tenta traçar a história na medida em que ia acontecendo.
Dos anos citados no livro do crateuense Raimundo Raul, o de 1912 é um dos mais estranhos, sobretudo pela quantidade de acontecimentos que ficou registrada. Assim, veja o que acontecia em Crateús há 112 anos.
O primeiro arcebispo de Fortaleza — terceiro do Ceará, Dom Manuel da Silva Gomes — visitou Crateús naquele ano, realizando grande movimento espiritual. Naquela ocasião, contabilizaram 1.030 crismas; 5.100 comunhões; 174 batizados e 57 casamentos, informações que Raul extraiu do "Gazeta do Sertão", de Ipu, edição daquele ano.
E por aqui também chegou o primeiro automóvel do estado, pertencente ao Dr. João Tomé, engenheiro responsável pela linha férrea de Sobral. João foi um dos projetistas do trecho da linha férrea em Crateús, de modo que esteve na cidade com o seu automóvel.
O ano de 1912 também foi marcado pelo falecimento de grandes personalidades crateuenses:
- Aos 8 de julho, faleceu o Cel Zeca Araújo, chefe político da cidade.
- Aos 21 de julho, faleceu o Dr. Lúcio Lima, outro chefe político local — hoje patrono do aeroporto da cidade.
- Aos 28 de novembro, faleceu o professor Firmino Rosa, fundador de uma escola e líder da campanha de vacinação contra a varíola em 1902.
Ainda naquele ano, aos 12 de dezembro, chegou a Crateús a primeira locomotiva, vinda pela Estrada de Ferro, ocasião em que foi inaugurada a nossa estação.
Por todos esses acontecimentos, o ano de 1912 ficou marcado como um dos mais singulares da história de Crateús.
Texto escrito por: Kaio Martins, Cientista Político.