Vacina criada por Rodolpho Theophilo: Sob o comando de Firmino Rosa, Crateús foi um dos poucos locais que aderiram à campanha de vacinação de 1902

 

O fato que contaremos agora está noticiado na obra Varíola e Vacinação, do baiano radicado no Ceará, Rodolpho Theophilo, publicada pela primeira vez em 1904.

Nos textos em que Theophilo disserta acerca da questão da seca e da fome no Ceará, outro assunto aparece de maneira frequente: o das doenças. Os males da escassez de chuvas, portanto, não se resumem às questões pluviométricas, mas, sobretudo, às questões sociais. 

Durante a Grande Seca do Ceará, período de 1877 a 1880, Rodolpho relata que a capital do Ceará chegou a contar com cerca de 130.000 habitantes. Desse total, 110.000 eram retirantes que iam do interior a Fortaleza, a fim de lutarem pela sobrevivência. Não bastasse o mal da falta de chuvas, que assolava a todos os cearenses, um novo infortúnio pegou de surpresa os que na capital se encontravam: a epidemia de varíola. Tal doença chegou a matar, num só dia, mais de 1.000 pessoas, naquele que ficou conhecido como “O dia dos mil mortos”. Só na capital, mais de 27.000 pessoas morreram durante o período.

E é aí que surge o nome de Rodolpho Theophilo, recém-formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, e que decidiu investir suas próprias economias para tentar reverter essa triste situação, a partir da imunização. O pesquisador criou, em sua residência, uma vacina inovadora que ganhou reconhecimento até do Instituto de Manguinhos, liderado pelo renomado cientista Oswaldo Cruz.

Com o projeto iniciado na capital, Theophilo resolve expandir para o interior do estado, nos locais que serviam como ponto de partida do êxodo da seca. Das 79 vilas contactadas, somente 53 aceitaram a proposta da vacina. Para essas, o cientista enviou manuais de vacinação e os itens necessários para a aplicação do imunizante.

Em Crateús, foi o professor Firmino Rosa quem esteve no comando da campanha, relatando aos 26 de setembro de 1902 que 53 pessoas haviam sido vacinadas na vila.

Com o sucesso do empreendimento, creditam a Rodolpho Theophilo a brusca diminuição da doença no estado, de modo que muitas vidas foram poupadas pelo árduo trabalho do pesquisador. Ao sucesso, também participou o professor crateuense Firmino Rosa.

Por: Kaio Martins, Cientista Político.

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