*Lindo sertão, meus amores*
*Crateús, onde nasci,*
*Que saudade, que rigores,*
*Sofre meu peito por ti!*
*São amargos dissabores*
*Que em funda taça bebi!*
*Que saudades, ó meus amores,*
*Crateús, onde nasci!*
*Esta incessante saudade*
*Me despedaçava o coração!*
*Eu gemo na soledade*
*Esses tempos que lá vão...*
*Crateús, minha beldade,*
*Meu lindo, ameno sertão,*
*Que dura, fera saudade*
*Me atormenta o coração!*
*Que vezes, em pé, na praia*
*Me lembro dos mimos teus!*
*Dessas c’roas onde ensaia*
*A rola os gemidos seus!*
*Onde a lua se desmais*
*Alvacenta, lá dos céus!*
*Ó quantas vezes na praia*
*Eu cismo nos mimos teus!*
*As ondas que vê chorosas*
*Na lisa praia morrer,*
*Lembram-me as auras queixosas*
*Nos teus vales a gemer!*
*Lembram-me as moitas verdosas,*
*Ondeando-se a volver!*
*Ondas, não vinde chorosas*
*Na lisa praia morrer!*
*Que dias esses doutrora*
*Que o tempo ingrato levou!*
*De meu lar eu via a aurora*
*Que sorrindo despontou!*
*O galo, co’a voz canora,*
*Cantava: co-córô-cô!*
*Ai esses dias doutrora*
*O tempo ingrato levou!*
*Hoje meu peito não goza*
*A dita que já gozou!*
*Hoje minhalma saudosa*
*Chora o tempo que passou!*
*Oh! Sorte desventurosa*
*Que meus prazeres turvou!*
*Infeliz de quem não goza*
*Venturas que já gozou!*
*Crateús, que dor tão viva!*
*Ai tempos que lá já vão!*
*Ao teu nome a dor se aviva*
*Que sente meu coração!*
*Assim sofre a sensitiva*
*Ao toque de incauta mão!*
*Crateús, que dor tão viva*
*Ai! Eras que já lá vão!*
Extraído de: Deus e a Natureza em José Coriolano, Monografias do Piauí.