Fundador-patrono da literatura piauiense: leia um trecho do poema “Crateús”, homenagem de José Coriolano

*Lindo sertão, meus amores*  

*Crateús, onde nasci,*  

*Que saudade, que rigores,*  

*Sofre meu peito por ti!*  

*São amargos dissabores*  

*Que em funda taça bebi!*  

*Que saudades, ó meus amores,*  

*Crateús, onde nasci!*  

*Esta incessante saudade*  

*Me despedaçava o coração!*  

*Eu gemo na soledade*  

*Esses tempos que lá vão...*  

*Crateús, minha beldade,*  

*Meu lindo, ameno sertão,*  

*Que dura, fera saudade*  

*Me atormenta o coração!*  

*Que vezes, em pé, na praia*  

*Me lembro dos mimos teus!*  

*Dessas c’roas onde ensaia*  

*A rola os gemidos seus!*  

*Onde a lua se desmais*  

*Alvacenta, lá dos céus!*  

*Ó quantas vezes na praia*  

*Eu cismo nos mimos teus!*  

*As ondas que vê chorosas*  

*Na lisa praia morrer,*  

*Lembram-me as auras queixosas*  

*Nos teus vales a gemer!*  

*Lembram-me as moitas verdosas,*  

*Ondeando-se a volver!*  

*Ondas, não vinde chorosas*  

*Na lisa praia morrer!*  

*Que dias esses doutrora*  

*Que o tempo ingrato levou!*  

*De meu lar eu via a aurora*  

*Que sorrindo despontou!*  

*O galo, co’a voz canora,*  

*Cantava: co-córô-cô!*  

*Ai esses dias doutrora*  

*O tempo ingrato levou!*  

*Hoje meu peito não goza*  

*A dita que já gozou!*  

*Hoje minhalma saudosa*  

*Chora o tempo que passou!*  

*Oh! Sorte desventurosa*  

*Que meus prazeres turvou!*  

*Infeliz de quem não goza*  

*Venturas que já gozou!*  

*Crateús, que dor tão viva!*  

*Ai tempos que lá já vão!*  

*Ao teu nome a dor se aviva*  

*Que sente meu coração!*  

*Assim sofre a sensitiva*  

*Ao toque de incauta mão!*  

*Crateús, que dor tão viva*  

*Ai! Eras que já lá vão!*

Extraído de: Deus e a Natureza em José Coriolano, Monografias do Piauí.

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