14 oficiais de Crateús desafiam ditadura em defesa de comandante exonerado

 


Em um período marcado pela repressão e censura, 14 oficiais do 4º Batalhão de Engenharia e Construções de Crateús manifestaram-se corajosamente contra a exoneração injusta de seu comandante, o coronel Hugo José Ligneul. O episódio, que entrou para a história da resistência à ditadura militar, foi mencionado no célebre discurso de Márcio Moreira Alves.

Em 1968, em pleno regime militar, o coronel Ligneul, respeitado por sua integridade e atuação em obras de infraestrutura, foi removido sem explicações, causando indignação entre seus subordinados. Em resposta, os 14 oficiais assinaram um manifesto público defendendo seu comandante, criticando a arbitrariedade da decisão e expressando solidariedade.

O manifesto, lido na Rádio Educadora de Crateús, destacou a liderança e retidão de Ligneul e condenou a exoneração como injusta e desleal. Os oficiais defenderam que o comandante merecia reconhecimento, não punição, e repudiaram a falta de direito de defesa na decisão. Os signatários foram:

Major Gilson Munhoz de Carvalho

Major Alberto da Fonseca

Capitão-médico José Fernandes da Silva

1º Tenente Francisco Martins de Souza Torres

2º Tenente Calo Mário Bezerra

2º Tenente-médico Almir Sabino de Sousa

2º Tenente Edson Moreira

2º Tenente Silvestre Eubinhonhk

Capitão Crisantemo Ferreira de Alberto da Silva

1º Tenente Francisco Raimundo Ernesto Borges

2º Tenente Airton Martins Xavier

Aspirante Jorge Veras Pacheco

1º Tenente Edson de Sabóla e Silva

A resposta das autoridades militares foi imediata: os oficiais foram presos e mantidos em sigilo, e o coronel Ligneul foi transferido para o Rio de Janeiro. A cidade de Crateús, revoltada com a exoneração, reconhecia Ligneul como um administrador exemplar, responsável por importantes obras na região.

Este ato de resistência dos oficiais de Crateús é lembrado como símbolo de coragem e luta pela justiça. Em tempos de opressão, eles arriscaram suas carreiras e liberdades para defender o que consideravam justo, deixando um legado inspirador para futuras gerações.

Por Wilton Sales

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