A Voz Silenciada de Chico Rufino.
Novo Oriente, janeiro de 1969. O sol ardia sobre as ruas de terra batida, enquanto os moradores tentavam seguir suas vidas em meio ao ambiente pesado do regime militar. Francisco Rufino Vieira, o prefeito da cidade, era um homem de visão à frente de seu tempo, admirado por sua coragem e detentor de um carisma que unia o povo. Contudo, sua trajetória seria interrompida de forma brutal e misteriosa, deixando um vazio até hoje.
Naquela data de 23 de janeiro, rumores correram pelas ruas daquela pequena cidade: um disparo, um corpo, e um lugar que amanheceu sem respostas. O assassinato de Francisco foi envolto em sombras, como se forças invisíveis houvessem apagado qualquer vestígio de verdade. Jornais silenciados, relatos abafados, e a dor de uma família que, em silêncio, precisou seguir em frente.
Dona Mariquinha, sua esposa, era uma mulher que ninguém acreditava capaz de carregar o legado deixado pelo marido. Porém, em meio a um universo machista e hostil, ela ergueu-se como a primeira prefeita de Novo Oriente. Com mãos firmes, iniciou a construção do Açude Oriente, garantindo água para seu povo, e da escola que carregaria o nome de Francisco Rufino, perpetuando a memória de um homem que deu tudo pelo município, inclusive a vida.
Décadas se passaram, e Novo Oriente testemunhou a força daquela família. O destino reservou à matriarca um desenlace amargo: Dona Mariquinha faleceu antes de ver seu filho, Godofredo, eleito prefeito em 2012. Contudo, a vitória dele carregava não apenas o peso do nome da família, mas também o sonho de Chico Rufino, que agora, em outra geração, renascia.
Francisco Rufino continua a habitar o imaginário do novorientense. Sua morte, ainda sem respostas, paira como um lembrete de um tempo difícil e de incertezas. Mas seu legado permanece vivo iniciadas por ele e dado continuidade por sua esposa e perpetuado pelo filho, mostra que nenhuma bala ou silêncio pode apagar a memória de quem viveu para transformar as vidas.
Por Wilton Sales
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