No dia 14 de janeiro de 1926, o 2° destacamento da Coluna Prestes, sob o comando de João Alberto, chegou a Nova Russas com a intenção de realizar um ataque surpresa em Crateús, a 60 km de distância. Na época, o Coronel Antônio Rodrigues Veras era a figura dominante na cidade e, ciente da movimentação dos revoltosos, tentou enviar um telegrama ao Presidente do Estado, desembargador Moreira da Rocha. No entanto, como relatou Pe. Geraldo Oliveira Lima em seu livro 'Marcha da Coluna Prestes através do Ceará', o agente da Estação de Nova Russas respondeu: "Que telegrama que nada, compadre; os homens já estão no Ipu!"
Com a maioria da população se escondendo nas zonas rurais, Rodrigues Veras tomou uma decisão surpreendente: decidiu receber os revoltosos com uma grande festança. Quando a coluna chegou, encontrou um ambiente amistoso, com refeições e bebidas à disposição. O Capitão Pretinho, segurança do comandante, até se embriagou nas proximidades do Curtume.
Antes de partir para o sul, na trilha certeira de Crateús, os integrantes da coluna ainda visitaram a mercearia de Artur Pereira. Lá, Boaventura de Sousa Pedrosa informou que dois armamentos haviam sido retirados debaixo do balcão e levados pelos revoltosos. Segundo Boaventura, um discurso que fazia referência ao cangaço e à figura de Lampião, foi proferido: "Estas armas só servem pra nós do cangaço. Vou levar." (LIMA, 1990, p. 102).
Assim, a recepção calorosa promovida por Rodrigues Veras se tornou um capítulo curioso e emblemático na história da Vila de Nova Russas, hoje cidade, durante um período conturbado do Brasil.
Referência:
LIMA, Geraldo Oliveira. Marcha da Coluna Prestes Através do Ceará. 1990?.
Por Felipe Azevedo