Dezembro em Ipueiras é um mês carregado de significados, marcado tanto pela religiosidade quanto pela memória histórica. Além de ser o período dos festejos em honra a Nossa Senhora da Conceição, padroeira do município, essa época nos convida a revisitar marcos que moldam a identidade ipueirense. Um desses marcos é o Cristo Redentor, que, como nos conta o livro Oiticica dos Rosários: Resgatando a Memória da Comunidade, teve suas obras iniciadas na segunda quinzena de outubro de 1939 e foi concluído já nos primeiros dias de dezembro do mesmo ano. (MELO, 2020, p. 40).
Foi nesse contexto que o Cristo Redentor de Ipueiras, erguido no ponto mais alto da cidade, ganhou forma e significado. Desde sua conclusão, o monumento tem sido símbolo de fé para muitos, com relatos de graças alcançadas, algumas registradas no jornal religioso O Sacerdote em 1942.
Mas o Cristo vai além do papel religioso que lhe foi dado em sua origem. Hoje, ele é também o coração turístico de Ipueiras, um espaço que conecta o passado ao presente. Com 11 metros de altura, incluindo o pedestal, destaca-se pela imponência e pela singularidade entre os monumentos dos sertões dos Crateús. É difícil não se encantar ao avistar sua silhueta de longe, especialmente quando nos aproximamos da cidade, e mais ainda ao chegar lá e contemplar a vista panorâmica que oferece da sede municipal.
O Morro do Cristo, como é conhecido, é muito mais do que um lugar sagrado. Ele é palco de encontros, celebrações e, por vezes, até disputas. É um lugar onde se materializam as transformações sociais, uma testemunha silenciosa das mudanças de Ipueiras. Recentemente, o monumento passou a ser alvo de reformas conduzidas pelo poder público, um sinal de que sua relevância como patrimônio local continua forte.
Essa transição do sagrado para o cotidiano é o que torna o Cristo Redentor tão fascinante. Ele não é apenas um monumento religioso; é um espaço fluido, que acolhe todos, independente do motivo que os leve até lá. É um território que carrega histórias, mas que também está sempre pronto para abrigar novas memórias.
Este texto é um convite para refletir sobre como nossos espaços moldam e são moldados por quem somos. É também uma homenagem ao trabalho incansável de pesquisadores locais, que se dedicam a iluminar nossa história e mantê-la viva para as futuras gerações.
Disponível em: https://repositorio.editorasertaocult.com.br/index.php/omp/catalog/book/126
Por Gabriel Araújo